Catálogo da BE

sábado, 12 de novembro de 2011

Mariza: Chuva

Chuva
Letra e música: Jorge Fernando
Intérprete: Mariza* (in CD/DVD "Concerto em Lisboa", Capitol/EMI, 2006)
Versão original: Mariza (in CD "Fado em Mim", World Connection, 2001)


            LETRA

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na História
Da História da gente
E outras de quem nem o nome
Lembramos ouvir

São emoções que dão vida
À saudade que trago
Aquelas que tive contigo
E acabei por perder

Há dias que marcam a alma
E a vida da gente
E aquele em que tu me deixaste
Não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
Gritava à cidade
Que o fogo do amor sob a chuva
Há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
Meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

[instrumental]

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
Gritava à cidade
Que o fogo do amor sob a chuva
Há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
Meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro   | bis
Trazendo a saudade            |


* Luís Guerreiro – guitarra portuguesa
António Neto – viola
Vasco Sousa – viola baixo
Orquestra Sinfonietta de Lisboa, dirigida por Jaques Morelenbaum
Gravado ao vivo nos Jardins da Torre de Belém, a 5 de Setembro de 2005

in: http://www.youtube.com/watch?v=OzrUs08-SWs

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Clube de Histórias: Projeto Abrir Portas ao Sonho e à Reflexão.

O Presente do Povo Pequeno

Um alfaiate e um ourives viajavam juntos.
Certo dia, ao crepúsculo, ouviram à distância o som de música. Caminharam mais rapidamente e a melodia foi-se fazendo ouvir, cada vez mais alegre. Esqueceram todo o cansaço da jornada e apressaram-se, para ver de onde vinha.
A lua já se erguera, quando os dois caminhantes alcançaram uma colina, de onde divisaram uma porção de pequenos homens e mulheres. Davam-se as mãos e rodopiavam com grande alegria, numa farândola animada. Cantavam ao mesmo tempo uma linda melodia. No meio da reunião, estava sentado um velho, um pouco mais alto que os demais, e cuja longa barba branca se espalhava pela frente do seu casaco colorido. Os dois companheiros estacaram e contemplaram a festa, cheios de admiração. O velho fez-lhes sinal para entrarem também na roda, enquanto o povo pequeno abria, prazenteiramente, a roda, para dar lugar a ambos.
O ourives, mais expansivo, aceitou de imediato. O alfaiate, tímido, hesitou um pouco, mas vendo como era divertido, acabou por aderir também. A roda fechou-se, novamente, e todos dançaram e pularam, com gritos de alegria. O velho, tomando uma faca que trazia à cintura, amolou-a, olhando para os dois viajantes. Estes assustaram-se, porém não tiveram tempo de tomar qualquer atitude. O velho, agarrando o ourives, escanhoou-lhe, com grande rapidez, o cabelo e a barba. A mesma coisa sucedeu ao alfaiate.
O medo dos dois desapareceu, quando o velho, ao terminar, lhes deu uma amistosa palmadinha nas costas, como se quisesse dizer-lhes que haviam agido acertadamente, ao deixarem que lhes fosse cortado o cabelo e barba. Mostrou-lhes, depois, por gestos, um monte de carvão, mandando-os encherem os bolsos. Obedeceram, embora sem compreenderem, e foram à procura de um lugar para passar aquela noite. Ao chegarem à planície, ouviram o relógio de um convento próximo bater a meia-noite. No mesmo instante, o canto parou e tudo desapareceu, ficando apenas uma colina deserta ao luar.
Os dois caminhantes acharam um lugar coberto de palha, onde se deitaram, esquecendo-se de tirar dos bolsos os pedaços de carvão, tão cansados estavam. Um peso desacostumado fê-los acordar mais cedo, enfiaram as mãos nos bolsos para deles tirar o carvão, mas, com grande espanto, encontraram, em lugar dele, pedaços de ouro. Agora podiam considerar-se ricos. Felizmente, o cabelo e a barba já haviam crescido. Todavia, existe gente por demais ambiciosa e, entre essa, estava o ourives. Lamentou não ter enchido mais os bolsos, assim teria o dobro do que coubera ao alfaiate. O ourives, ávido de mais ouro, propôs ao alfaiate pernoitarem mais uma vez naquela região, para voltarem a ver o povo pequeno e o velho no outeiro. O alfaiate declarou:
— Já tenho o bastante e estou satisfeito! Agora vou poder casar-me e ser um homem feliz.
Mas estava pronto a esperar mais um dia pelo companheiro.
À noite, o ourives pendurou mais algumas bolsas à cintura e pôs-se a caminho do outeiro. Encontrou, como na noite anterior, todo o pequeno povo a cantar e a dançar, e o velho cortou-lhe barba e cabelo e fez-lhe sinal para que fosse buscar os pedaços de carvão. O ourives não teve dúvidas de embolsar tudo quanto cabia nos seus muitos bolsos e voltou, todo feliz; cobriu-se com o casaco e ferrou no sono. “Tanto se me dá que o ouro pese”, pensou. “Suportarei tudo de bom grado.” Adormeceu com a deliciosa antecipação de acordar milionário.
Ao abrir os olhos, levantou-se apressado, para examinar os bolsos. Mas ficou abismado quando apenas retirou deles pedaços de carvão. Decepcionado, consolou-se, pensando que lhe sobraria pelo menos o ouro ganho na noite anterior. Mas ficou apavorado quando viu também aquele transformado em carvão. Inadvertidamente, bateu com a mão na cabeça e sentiu-a lisa e calva, e assim estava o seu rosto. Reconheceu, então, tratar-se de um castigo pela sua ambição.
Enquanto isso, o alfaiate acordara e agora consolava do melhor modo possível o companheiro, banhado em lágrimas de desespero.
— És meu companheiro de viagem e amigo; vais ficar comigo e gozaremos juntos da minha fortuna.
Manteve a palavra, mas o pobre do ourives teve de esconder, dentro de gorros, a sua cabeça calva, durante toda a vida.

Marie Tenaille (org.)
O meu livro de contos
Porto, Asa Editores, 2001

Se desejar ler mais histórias ou textos de reflexão sobre diversos temas pode visitar o seguinte blogue:
http://contadoresdestorias.wordpress.com/

Concurso Cherub.

A nossa biblioteca, em parceria com a Porto Editora, está a lançar o Concurso Cherub, com o objetivo de divulgar os livros desta interessante colecção. Se quiseres participar, dirige-te ao balcão de atendimento da BE e solicita o livro "O Traficante" (o 2.º da coleção). Posteriormente, os alunos inscritos participarão num concurso, a nível de Escola, que consiste no preenchimento de um inquérito. Serão premiados os três alunos que responderem acertadamente a um maior número de questões. Apressa-te! As inscrições encontram-se abertas até ao dia 26 de novembro. No dia 14 de dezembro, realizar-se-á o concurso, com preenchimento do inquérito, pelas 16:15 e em sala ainda a indicar. Em data a acordar, um representante da Porto Editora estará presente na biblioteca para entregar os prémios aos vencedores.

Até ao momento foram lançados nove livros da coleção Cherub: O Recruta, O Traficante, Segurança máxima, O Golpe, A Seita, Olho por olho, A Queda, Cães danados e O Sonâmbulo.
Os agentes da Cherub têm todos menos de dezassete anos. Vestem calças de ganga e t-shirts, e parecem crianças perfeitamente normais… mas não são. Eles constituem o braço juvenil dos serviços secretos britânicos (MI5) e são profissionais treinados, enviados para missões de espionagem contra terroristas e traficantes de drogas temidos internacionalmente.
Podes ver aqui um vídeo de apresentação da colecção: